quinta-feira, 15 de março de 2012

Cuidando do Ambientalista


Tirei este texto de um blog:

É um blog secundário de textos que alimentam o blog principal sobre
Thich Nhat Hanh e sua comunidade:

http://interserblog.blogspot.com

Achei oportuno compartilhar aqui no meu blog um
trecho deste texto tão bonito.


Cuidando do Ambientalista
Traduzido do livro "The World We Have", de Thich Nhat Hanh,
por Samuel Cavalcante

Um estudante me perguntou “Existem tantas problemas urgentes, o que devemos fazer?” e eu disse “Escolha uma coisa, faça-a muito profundamente e com muito cuidado, então você estará fazendo tudo ao mesmo tempo”.

Muitas pessoas estão cientes do sofrimento da Terra e seus corações estão cheios de solidariedade. Eles sabem o que é necessário fazer e se engajam em atividades políticas, sociais e ambientais para mudar as coisas.
Mas, depois de um período de intenso envolvimento, frequentemente muitos se sentem desencorajados por que lhes falta a força necessária para sustentar uma vida de ação.
 O intelecto sozinho não é suficiente para guiar uma vida de ação solidária. Para efetivamente influenciar o futuro de nosso mundo, precisamos de mais.
A verdadeira força não pode ser encontrada no poder, dinheiro ou nas armas, mas em uma profunda paz interior.
 Quando temos insight suficiente, não nos deixamos apanhar mais pelas muitas situações difíceis.
 Podemos sair dessas situações muito facilmente.
 Quando mudamos as nossas vidas cotidianas
– a maneira que pensamos, falamos e agimos – mudamos também o mundo.
É importante para nós viver de modo a que, em cada momento,
estejamos profundamente nele com nossa verdadeira presença,
sempre vivos e alimentando o insight do interser.
 Sem paz e felicidade, não poderemos tomar conta de nós,
nem das outras espécies e nem do planeta.
 Por isso a melhor maneira de cuidar do meio ambiente
 é cuidar do ambientalista.

Existem muitos ensinamentos budistas que podem nos ajudar a compreender nossa interconectividade com a Mãe Terra.
 Um dos mais importantes é o Sutra do Diamante,
escrito sob a forma de um diálogo entre o Buda
e um de seus mais importantes discípulos, Subhuti.
O Sutra do Diamante é o texto mais antigo relativo á ecologia profunda. Começa com uma pergunta de Subhuti:
 “Se filhas e filhos de boas famílias quiserem gerar a mente mais desperta e realizada, em que eles devem se basear e o que eles deveriam fazer para dominar seus pensamentos?”.

Isto é o mesmo que perguntar “Se eu quiser usar todo o meu ser para proteger a vida, que métodos e princípios eu devo usar?”.

O Buda respondeu “Devemos fazer o melhor possível para ajudar a cada ser vivo a cruzar o oceano do sofrimento.
 Mas, depois de todos terem chegado às margens da libertação,
 nenhum ser em absoluto foi carregado até o outro lado.
Se você se deixar apanhar pelas idéias de eu, pessoa, ser vivo ou tempo de vida, você não será um autêntico bodhisattva”.

Eu, pessoa, ser vivo e tempo de vida
são as quatro noções que nos impedem de ver a realidade.

A vida é uma unidade,
não precisamos cortá-la em pedaços e chamar este pedaço de “eu”.
 O que chamamos de eu é feito de elementos não-eu.
 Quando olhamos uma flor, por exemplo, podemos pensar que ela é diferente das coisas que são “não-flor”.
 Mas se olharmos com mais profundidade, poderemos ver que tudo no cosmos está na flor.
Sem algum dos elementos não-flor
sol, nuvens, terra, jardineiro, minerais, rios e consciência
– uma flor não pode existir.

 É por isto que o Buda ensina que o eu não existe.
Temos que descartar todas distinções entre eu e não-eu.
 Como é que alguém pode proteger o meio-ambiente sem este insight?....”

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